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terça-feira, 27 de setembro de 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Os bolsonaros da esquerda sao piores




Acautelai-vos, que este artigo já começa na voadora – aí vai uma citação de Jair Bolsonaro (PP-RJ):
“O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento dele. Olha, eu vejo muita gente por aí dizendo: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem”.
Eis agora algumas citações da minha mamãe:
“Junta esses brinquedos A-GO-RA ou vou te fazer engolir essas porcarias um por um!”
“A comida tá esfriando! Ou você desliga esse chuveiro e vem almoçar, ou vou te dar uma cintada tão dura que você vai ficar com a bunda quente pra esquentar a comida!”
“Agora senta aí, fecha a boca e come!”
“Se quando eu voltar encontrar uma louça em cima da pia você vai ver o que faço com essa espada-de-são-jorge.”
“Presente de aniversário? Você que decida logo o que quer, ou vou é te dar uma surra de aniversário.”
Não são todos que entendem essas sutilezas – sobretudo aqueles criados a leite de pêra pela avó. Os que reconhecem esse tipo de frase sabem que a única vantagem de ter pais violentos é que eles não têm aquela insuportável mania de entrar no quarto da gente sem bater – eles batem antes de entrar, depois que entram e saem batendo.
Parece um pouco cruel? Só se você reprovou 3 vezes a primeira série, para ter um tamanho de quinta quando chegou na terceira. Minha primeira lição de existencialismo foi que eu apanhava em casa por ser o último fitoplâncton da cadeia – já na escola, estando adiantado, apanhava apenas pelo “bem comum” almejado pela social-democracia. As porradas eram rouanetadas pelo Ministério da Cultura, da Educação, do Esporte, do Desenvolvimento e desconfio até que o de Minas e Energia. Queria ver se uma diretora que fiscalizasse a pancadaria nos corredores seria eleita democraticamente pelos alunos. Como diria Sartre, se apanhamos na escola, é porque somos apanháveis.
Uma grande verdade é que as relações entre pai e filho são sobretudo determinadas por quem senta a porrada em quem. A principal razão para os filhos respeitarem os pais – quaisquer pais – é que os últimos são mais fortes. Mas este é um terreno da alçada familiar – e por mais terrível que seja, não devemos nos intrometer nas famílias alheias. Nem na do Bolsonaro.
É uma questão civilizatória a liberação de uns cascudos intramuros familiares. Infelizmente, os “libertadores” alunos comunistas da UFF devem entender mais de liberar a maconha do que de civilização.

Bolsonaro foi convidado a discutir homoafetividade na UFF (Universidade Federal Fluminense). Quem convida Bolsonaro sabe o que vai ouvir, como já bem teve de explicar o Reinaldo Azevedo.
Os comunistecos de iMac da Universidade o vaiaram, impediram sua fala, o perseguiram até um táxi que ia tomar para fugir da turba (o Bolsonaro não vai pra faculdade de Pajero, como essa galera?) e só conseguiu sair ileso da patuléia enfurecida por ter sido escoltado pela polícia. As vaias, como mostra o vídeo no blog do Tio Rei, o chamavam de “nazista”, “assassino” e “torturador”. Bolsonaro sequer tem ficha corrida para ser chamado de “racista”. Tudo o que têm contra ele é uma resposta à Preta Gil, em que nitidamente não entendeu uma pergunta da cidadã, confundindo palavras e dizendo que um filho seu não namoraria um gay (quando Preta Gil havia falando em negro). Chame Che Guevara de “racista”, “assassino” e “torturador”, coisas que ele comprovadamente o era (ao contrário de Bolsonaro), e veja qual vai ser a reação dessa camorra.
Bolsonaro é um raro caso de deputado reduzido. Houve-se falar em seu nome e imediatamente se pensa que ele é um conservador radical de direita, um homofóbico. Quantas pessoas defenderam Marina Silva ou Netinho de Paula (PCdoB-SP, aquele pagodeiro espanca-mulheres), que não parecem muito afeitos a permitir a homossexualidade em um filho sem lhes aplicar uns croques, sem repetir o tempo todo que são “homofóbicos”?
Mas Bolsonaro não é só isso – como Marina Silva e Netinho de Paula não são apenas evangélicos. Qualquer pessoa com QI acima de 60 sabe que punir estupradores, seqüestradores e homicidas é uma idéia até que aceitável. Quando Maria do Rosário (PT-RS, que agora é Secretária dos Direitos Humanos da dona Dilma) defendeu que o estuprador Champinha era “apenas uma criança” (aquele que após torturar e destruir o corpo de Liana Friedenbach a matou degolada), Bolsonaro respondeu com uma delicadeza que Rosário não merecia que ela então poderia contratá-lo para ser motorista dos filhos dela. Reação da petista: chamar Bolsonaro de estuprador. Ou seja: estuprar pode; defender o estuprador pode; não pode é querer que ele seja punido – na União Soviética, o estuprador é você.
Não importa o quanto Maria do Rosário reclame ou peça a cassação do mandato de Bolsonaro – quem é o radical desequilibrado? Eu prefiro viver num mundo em que, já que terei de conviver com estupradores, as outras pessoas sejam Bolsonaros, e não Marias do Rosário.
Para entender um Bolsonaro, não custa procurar no Google por discursos sobre José Dirceu, o ex-guerrilheiro que foge da pergunta se já matou alguém e orquestrador do mensalão. Aparentemente, dos 513 deputados, são poucos os que indigitaram formalmente o réu para que ele respondesse sobre suas atividades. Bolsonaro era um destes “radicais extremistas”. Com educação, o mesmo “fascista filhote da ditadura” lembra que a imprensa está livre há 20 anos (ou seja, não nega que estava presa na ditadura), e lembra que nenhum militar (nem ele) querem impedir a abertura dos arquivos da guerrilha do Araguaia – na tal “Comissão de Verdade”. Com 513 deputados, parece que nenhum teve coragem de falar da corrupção do PT, de que os presos da ditadura eram assaltantes, seqüestradores e estupradores, do negócio milionário que são as indenizações da ditadura. Falar verdade agora virou “extremismo”?

A atuação de Bolsonaro como parlamentar é muito maior do que ser “um homofóbico” só por declarações num programa de TV. Ele também já declarou ser contra agressão aos gays. Apenas discursa, com os argumentos ruins que sejam, preferir que seus filhos sejam heterossexuais. Eu também preferiria que meus filhos ouvissem Metallica a Companhia do Pagode. E não vou nem entrar em detalhes dos métodos corretivos que usaria caso eles se desviassem para o mau caminho.
Mas dicursar, ao invés de sentar a borrachada, é considerado “fascismo” pelos nossos universitários, como demonstra a UFF. Eles devem entender muito de ciência política. Os mesmos que adoram defender sistemas de planificação econômica muito parecidos com o fascismo (em que o governo regula a produção, distribuição e imprensa), mas chamam todos os seus inimigos, que defendem a democracia justamente porque discursam, de “fascistas”.
O princípio libertário, magnificamente definido por Walter Block no indispensávelDefendendo o Indefensável, é apenas a idéia de que não se deve agredir alguém ou sua propriedade sem motivo – ou seja, sem que alguém lhe agrida ou ameace antes. Walter Block é um conservador cristão. Ele acredita que desde a prostituição até o homossexualismo são coisas erradas. Mas não acredita que essas coisas devam ser punidas – ainda mais com cadeia. A força estatal deve servir apenas para crimes de violência. É tão simples quanto parece.
Bolsonaro erra ao optar pela agressividade para “curar” homossexuais? Nitidamente. Eu mesmo já argumentei que esse tal de Dia do Orgulho Hetero é o orgulho de não dar o rabo, apesar da tentação. Mas vejamos o que defendem seus críticos: se Bolsonaro argumenta, com palavras e após ser convidado, contra o que quer que seja (algo que diferencia uma democracia do fascismo que dizem que Bolsonaro defende), precisa sair de uma Universidade públicagratuitaedequalidade sob escolta. Imagine o que essa galera faria se subisse ao poder… eles não são libertários, pois não entendem de liberdade.
Também chamam Bolsonaro de “reacionário”. Eu tomaria como elogio. Na mitologia grega, o fogo (símbolo da razão) foi dado aos homens por Prometeu (“aquele que enxerga antes”), enquanto os males foram liberados ao mundo por um descuido de seu irmão Epimeteu (“aquele que só enxerga depois”). Ser reacionário, saber como as coisas reagem antes que elas aconteçam, ter cautela ao invés de acreditar cegamente na benevolência de alguma força escolhida no presente, é característica de pessoas experientes. O revolucionário é aquele que acredita no poder das armas dadas ao povo – o reacionário é aquele que já descobriu que todo tiro disparado faz a arma ter um repuxo forte sobre o próprio atirador. Ele aprende com o tempo a esperar essa reação.
Já os revolucionários, que querem mudar toda a sociedade – ou seja, sempre querem te obrigar a se comportar desta ou daquela maneira, através dos graus de violência que lhe estejam disponíveis – acreditam apenas na força propulsora da sua própria benevolência em governar o próximo. Os comunistas usaram esse termo nos versos da “Internacional” e os nazistas na “Canção de Horst Wessel” para qualificar seus inimigos.
Ser reacionário é ser “radical” apenas por não permitir que revolucionários ditem nosso rumo? Radical também vem de raiz – de quem está firmemente plantando, com forças para crescer. O problema mesmo são os caóticos cujo único triunfo de que podem se gabar ainda está no futuro. Por que chamar Bolsonaro de “radical” e “ultra-direitista”, mas não lembram que Maria do Rosário, José Dirceu, Tarso Genro, Cândido Vacarezza, Celso Amorim e Marco Aurélio “Top-Top” Garcia são “radicais de extrema-esquerda” cada vez que seus nomes são citados? Há elogios a Stalin feitos por mais de um nome citado neste rol. O Bolsonaro já defendeu algum Mussolini, que matou bem menos?
Não custa lembrar que Bolsonaro dá uns tabefes é nos próprios filhos se eles se comportam como ele não quer. Eu já apanhei por menos. Enquanto Bolsonaro solta essas frases inconseqüentes (portanto, não reacionárias) num programa de TV fora do expediente, Tarso Genro dá felizes declarações de que o PT aproximou o Brasil “um pouquinho a mais do socialismo” na Caros Amigos sem ninguém reduzi-lo a “um extremista”.
Ademais, Bolsonaro é um dos deputados que mais bem representa seus eleitores. Chama formalmente os corruptos do governo para discutirem cara a cara. Poderia supor que os outros apenas se refugiam no rompante ultra-democrático de fazer um abaixo-assinado de repúdio qualquer e deixar lá sua assinatura, caladinhos. Nem isso fizeram.
Enquanto Bolsonaro, caso resolva ferir o princípio libertário e partir para a ignorância contra gays país afora, possa ainda ser contra-espancado (ele tá velho, não agüenta 5 minutos de porrada comigo), o que acontecerá se eu resolver não acatar o pensamento de Tarso Genro e seus cupinchas, por exemplo, não dando ao governo o dinheiro dos meus impostos para o Ministério da Cultura (que faz com que peças e filmes sejam feitos já dando o dinheiro da bilheteria para o autor até mesmo se ninguém resolver assistir)? Fatalmente, ao invés de um Bolsonaro bravo na porta da minha casa, terei uns 5 diplodocos prontos para me arrancar de casa e me jogar na cadeia. E é de uma declaraçãozinha bostinha do Bolsonaro que têm tanto medo? Qual crime é pior: agressão ou roubo e seqüestro?

Por fim, não custa atentar para um comportamento criminoso na UFF. O debate para o qual Bolsonaro foi convidado foi com os vereadores de Niterói Leonardo Giordano (PT) e Renatinho (PSOL). Ambos resolveram lhe entregar uma moção de repúdio aprovada pela Câmara de sua cidade. É curioso imaginar que a Câmara de Vereadores de Niterói não tenha assuntos mais urgentes do que declarar repúdio a Bolsonaro. Eu ainda acho mais importante declarar repúdio aos bandejões das Universidades terem suco self-service em algumas unidades e 1 único copo de suco em outras, mas enfim. Alguém precisa pagar o salário dos vereadores de Niterói para que eles tenham essas idéias – ninguém se preocupa em dar uma rodada de suco a mais pra galera.
Mas há aí um problema gravíssimo. Ambos os vereadores, se queriam mostrar repúdio ao deputado, além de um telefonema, um e-mail ou um chilique aleatório, poderiam entregar tal moção de repúdio em seu gabinete. O que fizeram, além de promoção barata, foi tentar se promover, convidando Bolsonaro para tentar linchá-lo. Algo como convidar alguém para jantar com o fito de lhe pedir dinheiro. Bolsonaro apenas fez o mais ético a se fazer: rasgar o papel e jogar no lixo. O que ele significa, além de lixo?
Pior: o espaço era público. Não se deve confundir um prédio público com um prédio onde se faz livremente propaganda política e autopromoção impunemente (crimes que toda Universidade pública ignora 25 horas por dia). Não contente com isso, o psolista Renatinho dispara:
“Ele foi extremamente deselegante e indelicado. Desrespeitou o Poder Legislativo e a população de Niterói. Feriu os direitos humanos. Vou me reunir com o meu partido para decidir qual medida tomaremos contra Bolsonaro”.
“Feriu os direitos humanos”?! O vereador do partido nanico confunde a si próprio com “o Poder Legislativo” (do qual o Bolsonaro também faz parte, e com muito mais votos). Confunde um prédio público com o comitê eleitoral do PSOL. Não é permitido por lei usar prédios públicos para um objetivo diferente do seu fim estipulado. Tal como o professor de Direito do Mackenzie que ameaçou dar voz de prisão a uma aluna, pois “estava atuando como promotor”, o vereador atribui-se uma função que a circunstância não lhe outorga. Para piorar, o Mackenzie não é um prédio público, ao contrário da UFF.
Nós sabemos que ambos os vereadores egóicos não sofrerarão punições – aliás, “se reunirão com seus partidos” para tentar punir quem tentaram linchar.
Já mostrei aqui no Implicante como atua o DCE da USP (que é o mesmíssimo modus operandi da UFF e de toda Universidade pública, em seus cursos de extrema-Humanas). Em suas trocas de e-mails discutindo assuntos importantíssimos como o socialismo no Cazaquistão (!!!) e para onde exilar as pessoas de quem discordam quando tomarem o poder à força, a estudante Maria Júlia Montero dispara:“Reacionário a gente não manda pra lugar nenhum não. É a cabeça numa bandeja”.
São esses “democratas” que chamam Bolsonaro de “reacionário”. É melhor não discordar para não virar radical extremista.

Flavio Morgenstern é tradutor, redator e analista de mídia. Acha incrível como o a Dilma consegue um escândalo ministerial por mês, e até hoje a Maria do Rosário está intacta. No Twitter, @flaviomorgen

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Crimes de Guerra do Brasil! Isso mesmo!


19/09/2011 às 6:55 
Discurso de Dilma na ONU, no que respeita a Israel, é, para dizer pouco, irresponsável!

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/discurso-de-dilma-na-onu-no-que-respeita-a-israel-e-para-dizer-pouco-irresponsavel/


A presidente Dilma Rousseff faz o discurso de abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas na quarta-feira, como os líderes brasileiros têm feito desde 1947, quando Oswaldo Aranha respondeu pela fala inaugural. Deve abordar a crise internacional, dar conselhos, exaltar a solidez econômica do Brasil, fazer advertências como expressão daquela parte do mundo que está fora do centro da crise, criticar as assimetrias etc e tal, tudo o que é de rigor nesses caos. Mas vai também dar o endosso do Brasil a uma irresponsabilidade, a uma temeridade: o pedido de reconhecimento do estado palestino, que será levado à Assembléia por Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Nacional Palestina.

A Palestina não pode existir como estado soberano? Pode, sim! Mais do que isso: deve. Mas sob quais condições? Ao endossar o pedido de reconhecimento como estado independente com representação plena da ONU, as lideranças palestinas apostam que o principal interlocutor deixou de ser aquele com quem tem litígio: Israel. É uma insanidade que se apele à solidariedade internacional em busca do reconhecimento num péssimo momento da relação entre os dois lados.

Que “estado” os palestinos querem ver reconhecido pela ONU? Aquele que devolve Israel às fronteira de 1967? Não vai acontecer! Que divide Jerusalém? Não vai acontecer)!  Que permita a volta dos chamadas “refugiados”, com seus milhões de descendentes? Não vai acontecer! Que acate os terroristas do Hamas como uma força que luta com métodos aceitáveis? Não vai acontecer! Que elimine todas as colônias judaicas da Cisjordânia?  Isso também não vai acontecer! Já não aconteceria se a região vivesse o mesmo  status de há seis, sete meses. Agora então…

A iniciativa do governo palestino — e o acordo entre os arquiinimigos Hamas e Fattah assume a sua verdadeira face — é uma aposta na guerra, não na paz. Israel, de fato, raramente enfrentou uma situação tão hostil na região, mas é bom lembrar que viveu dias muito piores, E sobreviveu. Só ocupa hoje os territórios dos quais querem expulsá-lo porque venceu duas guerras que tinham o objetivo de aniquilá-lo — reagiu, não atacou. E é assim porque assim se deram os fatos, não porque eu quero.

Isso quer dizer que não deva jamais negociar? Não! Isso quer dizer que não dá — porque é assim com qualquer país; porque deveria ser diferente com Israel? — para fazer de conta que as guerras de 1967, a dos Seis Dias, e a de 1973, do Yon Kippur não aconteceram. Aconteceram! Tiveram conseqüências. Israel deixou Gaza, e Gaza foi tomada por terroristas que  passaram a atacar sistematicamente o país. Israel deixou o Sul do Líbano, e o Sul do Líbano foi tomado por terroristas que passaram a atacar sistematicamente o país. E é assim porque assim se deram os fatos, não porque eu quero.

O anti-israelismo — com freqüência, não sempre, é anti-semitismo mesmo! — faz juízos curiosos. Cansei de ler textos, da imprensa brasileira e estrangeira, chamando a atenção para o fato de que raramente Israel esteve tão isolado, razão por que deveria negociar. Heeeinnn? Chamam a atenção para a mudança de status do Egito, hoje assombrado pelo fundamentalismo — aguardem e verão que “maravilha” se vai fazer por lá… Chamam a atenção para o transe vivido pela Síria; de fato, se Bashar Al Assad cair, a chance de os extremistas ganharem espaço no governo, a exemplo do que já acontece no Egito e está para acontecer na Líbia, é gigantesca! O Irã, como sempre, está por ali, prometendo “varrer o inimigo do mapa”. A “democrática” Turquia — sempre que alguém vibra com a “democracia turca”, eu reluto para não ficar muito comovido — decidiu exercer a diplomacia que consiste em apagar incêndio com gasolina…

Deixem-me ver se entendi direito: pedem ao país que quase foi destruído duas vezes por seus inimigos, que voltaram a ficar assanhadíssimos, que ceda à pressão (e à chantagem) da Autoridade Nacional Palestina, MOMENTANEAMENTE RECONCILIADA, e aceite o “estado palestino” fora do âmbito de uma negociação bilateral? E o fazem no momento em que as novas forças que governam o Egito colaboram descaradamente com o terror e o extremismo?

É evidente, a esta altura, que os terroristas que saíram de Gaza e passaram pelo Sinai para atacar o sul de Israel contaram com a colaboração dos egípcios. A embaixada israelense no Cairo ficou horas sob ataque, sem que as forças de segurança movessem uma palha para conter os extremistas. Depois do ataque, o “odiado” (pela imprensa política e islamicamente correta) Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, afirmou: “Vamos continuar atados ao acordo de paz com o Egito”. Essam Sharaf, primeiro-ministro egípcio, disse algo um pouquinho diferente: “O acordo de Camp David (de 1979) não é sagrado e está sempre aberto a discussão com aquilo que poderia beneficiar a região e a defesa de uma paz justa. Nós poderíamos fazer uma mudança se fosse necessário”. Paz justa??? A paz lhes foi até benevolente, não é? Israel devolveu o Sinai ao agressor…

A “Primavera egípcia”, diga-se, faz-se com a perseguição a judeus e a cristãos, cujas casas e igrejas estão sendo sistematicamente incendiadas pelos “heróis” da nova ordem… Que dias estes! Na Líbia, a trinca Obama-Cameron-Sarkozy entrega o poder aos jihadistas… O mundo anda de tal sorte de cabeça pra baixo que os cristãos e drusos, minorias na Síria, apóiam o asqueroso Bahar Al Assad porque sabem que, se ele cair, elas serão impiedosamente perseguidas. É uma “Primavera” que se faz com o sangue dos “que não pensam como nós [eles]“. Huuummm… É mais ou menos assim desde, deixem-me ver, o século VII…

Sabe-se lá por qual desvão da lógica se cobra, então, que Israel se dê conta do seu “isolamento”, do assanhamento dos inimigos, e ceda à pressão! Mas esperem: não deveria ser justamente o contrário? Não é num momento como esse que o país mais deve se preocupar com a sua segurança e exigir garantias adicionais? É o que diz o bom senso. Pedem ao país que caminhe contra a lógica mais elementar. Não vai acontecer. Israel não existe porque tenha se ajoelhado.

O Brasil não está inovando — só está indo mais longe na impostura quando o assunto é Israel. Nos nove anos de governo petista, tem votado sistematicamente contra o país. Ainda que os EUA tenham poder de veto e possam impedir a entrada da Autoridade Nacional Palestina como membro efetivo da ONU, o eventual endosso de dois terços dos países ao pleito tem potencial para incendiar a região. Isso colocaria Israel na posição de quem só está obrigado a ceder, como se, na negociação com terroristas, intransigente fosse o outro lado…

“Pô, Dilma é capa da Newsweek, e esse Reinaldo Azevedo está falando mal da política externa brasileira e do discurso da mulher na ONU!?”. Grande coisa! Eu sou assim mesmo! Queriam que eu falasse mal de quem é capa da Carta Capital ou da Caros Amigos?

A posição brasileira na ONU, de resto, é um vilipêndio à memória de Oswaldo Aranha! A tal guinada na política externa era só uma piscadela à razão. Passou depressa! O Brasil, por força de sua economia — não de seu governo! — exerce papel crescente no mundo. Mas, por enquanto, seus dirigentes o fazem parecer mais arrogante do que propriamente grande.

Dilma talvez não se dê conta porque, em política externa, não é menos apedeuta do que Lula: o discurso que ela fará na quarta-feira, no que diz respeito ao Oriente Médio, alimenta-se com o sangue de inocentes e faz tabula rasa da história.

Por Reinaldo Azevedo