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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Por que o Estadão decidiu liderar a cruzada contra a ação da PM na Cracolândia? Não sei! Mas que, ao menos, o faça com os fatos!

Por que o Estadão decidiu liderar a cruzada contra a ação da PM na Cracolândia? Não sei! Mas que, ao menos, o faça com os fatos!


Por que o Estadão decidiu liderar a cruzada contra a ação da PM na Cracolândia? Não sei! Mas que, ao menos, o faça com os fatos!

Por que o Estadão decidiu liderar uma espécie de cruzada contra a ação da Polícia Militar na Cracolândia? Não sei! O fato é que a coisa está em curso. Agora, fico com a impressão de que tudo tem de dar errado para que a opção editorial se justifique, mesmo quando dá certo. O jornal já escreveu um editorial confuso a respeito, o que é uma pena - aquela é uma página que costuma ter idéias claras, mesmo quando se discorda delas. A tese de fundo, se pode ser resumida, é a seguinte: até que não haja as condições ideais para a polícia agir, nada pode ser feito. Imaginem se a tese valesse para todos os casos. O Brasil seria o único país do mundo sem polícia repressiva; ela seria sempre preventiva. Esse debate renderia especulações interessantes: um país que precisasse apenas de polícia preventiva seria certamente uma tirania; basta pensar um pouquinho para descobrir por quê. Mas não vou especular sobre motivações. O jornal tem o direito de fazer as suas escolhas, desde que não distorça os fatos.

O Estadão chegou a noticiar em manchete que o governo federal teria pronto um plano para interferir na cracolândia. Até mesmo as funções da Polícia Militar estariam devidamente especificadas. Engraçado! Geraldo Alckmin, governador do Estado, nunca teve acesso à proposta, tampouco a Secretaria de Justiça, a de Segurança ou a Prefeitura de São Paulo. A razão é simples: o governo federal confessou depois que, de fato, não tem plano nenhum. Aquilo só existiu, infelizmente, numa reportagem de Bruno Paes Manso - a menos que a Secretaria Nacional de Direitos Humanos tenha decidido contar seu plano primeiro ao repórter e só depois a Alckmin… Seria um furo e tanto - se existisse…

Volta à carga
Hoje, Manso, em parceria com William Cardoso, volta à carga. Reitero: cada um faça a abordagem que bem entender e pense sobre o fato o que achar melhor. Veículos de comunicação têm o direito, e até o dever, de ter uma linha editorial. A do Estadão, em muitos temas, também é a minha. MAS OS FATOS SÃO OS FATOS SÃO OS FATOS. Seguem Manso e Cardoso em vermelho; comento em azul.

O desgaste da Polícia Militar nos dez primeiros dias de operação na cracolândia levou o comando da corporação a mudar a estratégia de ação na região. Como resultado, mais de 200 consumidores voltaram no fim da tarde de ontem a se aglomerar na Rua Helvétia, a 50 metros do local que concentrava usuários antes do começo da operação. Dezenas fumavam crack ao ar livre. O comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, disse que, ao contrário do que vinha ocorrendo nos primeiros dias de operação, ontem a ordem era não intervir nos aglomerados, mesmo quando estivessem bloqueando a rua.
Infelizmente, a narrativa dos dois jornalistas resolveu jogar o lead no pé, e o que vai relatado acima não corresponde aos fatos. Houve, sim, um aglomerado de viciados na cracolândia, mas tinham sido reunidos por defensores públicos, que resolveram distribuir panfletos listando os “direitos” dos viciados, organizando uma espécie de resistência à ação da polícia. Essa era a notícia. Nunca antes na história do Brasil se viu algo assim. Só por isso os viciados estavam por ali. Não havia mudança de estratégia da polícia coisa nenhuma.
Mais: Manso e Cardoso ou o Estadão - ou todos eles - parecem achar “desgastante” tudo aquilo de que não gostam. Não há desgaste nenhum! Perguntem a qualquer pessoa da rua se ela é contra ou a favor a operação na cracolândia. As ruas até podem estar erradas, mas são elas que decidem o “desgaste” de uma determinada política.

Segundo ele, como as ruas da cracolândia são estreitas e de pouco movimento, não há necessidade de intervenção urgente. “Ali é diferente das Marginais, por exemplo, onde a polícia não pode deixar de atuar se fecharem o trânsito.”
Camilo disse que o plano a partir de agora é conversar e explicar aos usuários que eles não devem impedir o trânsito. Policiais foram orientados a só agir para impedir a ação daqueles que estiverem consumindo drogas em público e prender quem estiver traficando. “São pessoas que estão fragilizadas, que têm o direito de permanecer na rua se não estiverem cometendo nenhum tipo de crime”, disse o comandante-geral.
É mais uma peça do jornalismo que merece uma investigação acadêmica. Vamos ver. A operação sempre pretendeu, olhem que estupendo!, impedir o bloqueio das ruas, inibir o consumo aberto de drogas e prender traficantes. E isso está sendo feito, como todos sabem. Os números o comprovam. Manso e Cardoso, no entanto, dizem que houve uma mudança de estratégia. Ah, é? Qual? A polícia, agora, impede o bloqueio das ruas, inibe o consumo e prende traficantes. Ah, bom!!! Há um esforço brutal para caracterizar o insucesso de uma operação que não está dado pelos fatos.

A tolerância da PM com os aglomerados acabou desinibindo o consumo. Com dezenas de pessoas consumindo crack, sem o apoio do Policiamento de Choque e sem autorização para dar tiros borracha e usar bombas de efeito moral, não havia policial que se arriscasse a entrar no meio dos dependentes à noite para fazer cessar o consumo. “Sabe como eu me senti quando vim trabalhar? Algemada”, afirmou uma policial ao Estado, reclamando dos limites impostos pelo comando.
Isso aconteceu, sim! E se deu justamente no período em que os defensores públicos lideraram “a resistência” à polícia, conforme informei aqui ontem, em primeira mão. Manso e Cardoso têm certa razão: com a PM impedida de fazer um trabalho mais firme de repressão, é claro que os consumidores se sentem mais à vontade, o que é bom para os traficantes. Sempre que, numa democracia, a polícia encontra limites para fazer seu trabalho LEGAL, quem ganha é o crime. De todo modo, não havia mudança de estratégia nenhuma. Os defensores decidiram liderar o fechamento da rua Helvétia, até que o governador Alckmin avisou: MANDARIA DESOBSTRUIR E PRONTO! Aí eles recuaram.

O agrupamento começou a crescer já por volta das 17 horas. E, pelo menos até a meia-noite, os viciados ainda não haviam sido incomodados pelos policiais. Nesse horário, era possível ver dezenas de brasas de cachimbo queimando em plena rua. E até o chamado “samba da pedra” - roda de pagode de usuários do local - já havia voltado às Ruas Dino Bueno e Barão de Piracicaba. Ao passar pelo local, um morador do bairro comentou em voz alta: “É a vitória dos noias”. Policiais assistiam a tudo de braços cruzados.
Vejam que espetáculo! Manso e o Estadão, críticos contumazes da operação, caracterizam, neste parágrafo, a polícia como omissa e derrotada.

O Estado acompanhou a reclamação feita por um motorista de táxi aos policiais de uma viatura estacionada na Rua Dino Bueno. Ele avisava que às 20 horas os consumidores de crack já haviam bloqueado a Rua Helvétia. Duas mulheres e um homem da PM ouviram a reclamação e nada fizeram.
Nas grades da antiga rodoviária, barraquinhas de lona voltaram a ser formadas para abrigar os dependentes de drogas da fina garoa que caía na noite de ontem. O clima era de festa e alguns “noias” passavam gritando, como se celebrassem o retorno ao local.
Reitero: essa manifestação ainda era parte do circo armado pelos doutores da Defensoria.

Segundo os PMs que estavam na região, era importante evitar que os dependentes voltassem aos antigos esconderijos na Dino Bueno. Já na Barão de Piracicaba, 50 metros adiante, a ordem era não intervir. “Se você me disser que há alguém fumando e fizer essa denúncia, eu vou lá e prendo”, disse um sargento da PM quando a reportagem perguntou por que eles não estavam abordando os usuários.
Sempre destacando que repórteres e jornal já se manifestaram contra a ação da polícia, que fique claro!

Motivos
Autoridades culpavam principalmente os defensores públicos pela dificuldade de atuar na cracolândia. O secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, por exemplo, reclamou que grupos de defensores públicos passaram o dia incentivando consumidores de crack a permanecer no local. “Alguns são meus amigos, mas eles estão exagerando e dificultando o trabalho da PM”, criticou.
Já Camilo afirmou que no começo da tarde foi informado por policiais de que um grupo de quatro a cinco defensores havia se reunido na Helvétia para conversar com usuários de drogas. E até uma barraquinha teria sido montada para atendê-los, o que a Defensoria nega. Essa conversa com os defensores, segundo o comandante-geral da PM, pode ter sido o motivo do grande reagrupamento de viciados na rua.
Aqui serei um pouquinho mais duro: “Pode ter sido” uma ova! Foi!!! Defensores, liderados por Carlos Weis, estavam lá. Uma barraquinha “não teria sido montada” coisa nenhuma! Foi montada!!! Está tudo devidamente documentado. Lamento: o texto dos repórteres parece uma foto retocada! Repórteres e jornal têm todo o direito de achar que a operação é desastrada. Mas não têm o direito de tratar o fato como boato (a resistência dos defensores e a armação da barraca) e o boato como fato (o inexistente plano do governo federal).

A defensora pública Daniela Skromov, do Núcleo de Direitos Humanos da entidade, afirmou que defensores realmente “dialogaram” com usuários de droga. E explicaram a eles sobre direitos, incluindo o de ir e vir. Policiais também foram procurados para ouvir as mesmas explicações. “Conversamos sobre direitos. Não estamos estimulando ninguém a ficar lá”, disse ela.
Infelizmente, doutora, não é verdade! Se o seu objetivo é outro, então é o caso de conciliar intenção e gesto. Os panfletos distribuídos aos viciados são uma espécie de minimanual de resistência à polícia. Lendo-os, resta evidente a sugestão de que a polícia é uma potencial criminosa, e os viciados, apenas vítimas. O fato de o porte de droga para consumo não ser exatamente um crime não implica que o consumo esteja liberado

Hoje, a pressão sobre a atuação da PM na cracolândia deve continuar. Camilo vai ao Ministério Público conversar com os promotores que na terça-feira abriram inquérito para justamente investigar a operação policial na região.
Depois que os defensores desistiram da “resistência”, os grupos se desfizeram, embora existam sinais de que há pessoas - é preciso identificar quem são esses agentes - estimulando a “reocupação” da cracolândia por, como chamarei?, supostos viciados, que já articulam um discurso político. A polícia identificou a presença de um novo público tentando tomar conta da área. Estes seriam, deixem-me procurar as palavras, usuários de drogas conscientes!

Os traficantes aguardam ansiosamente para saber quem vai vencer a parada: a PM ou a Defensoria Pública. Adivinhem para quem eles estão torcendo.

Por Reinaldo Azevedo

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