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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Conde Loppeux de la Villanueva: Testemunha da subversão

Conde Loppeux de la Villanueva: Testemunha da subversão: Um ouvinte da internet, de nome Diego Lacerda, escreveu um artigo analisando o debate que tive com Daniel Fraga, na Rádiovlogs, sobre o Esta...

Um ouvinte da internet, de nome Diego Lacerda, escreveu um artigo analisando o debate que tive com Daniel Fraga, na Rádiovlogs, sobre o Estado laico, no dia 08 de abril de 2012 e que foi publicado no youtube. Achei interessante a perspicácia do autor e resolvi publicá-lo. 



Na segunda feira, 09 de abril, tomei conhecimento de um debate que ocorreu entre Leonardo Bruno, articulista do mídiasemmascara, e Daniel Fraga, vlogger do canal DanielFragaBR, em torno do tema Estado laico, um dia antes. Escutando e lendo os comentários, participei como testemunha de tempos de subversão, subversão de toda sorte de valores, e não menos importante (talvez até causa dos demais), da linguagem. Daniel Fraga é uma figura contraditória. Ateísta e supostamente inimigo da esquerda, defende a agenda promovida pela própria esquerda, o que por si só já demonstra um grau de despreparo ao combate que se propõe. Acredito que suas intenções são boas, mas o despreparo intelectual e cultural acaba o induzindo ao erro. Do outro lado tivemos a presença de Leonardo Bruno, conhecido como Conde Loppeux, que dá o título ao seu blog, que possui bagagem cultural e intelectual para tratar do assunto.

De início ficou evidente o desnível dos debatedores quanto ao conteúdo que carregavam e na retórica. E o que não seria um problema ao Leonardo Bruno, acabou se tornando o seu maior revés. Ingressou em batalha assimétrica, um campo minado, onde só poderia tocar nas teclas que fossem de conhecimento dos seus ouvintes, além de trabalhar em um campo completamente abstrato, que possuíam limites determinados por aqueles que se apresentavam e não pelo real significados semânticos. A didática do Leonardo foi ineficiente. Não que não tenha sido boa. Contudo, apenas não conseguiu fazer com que o seu interlocutor alcançasse questões simples. Exemplo disso foi a insistência do Daniel Fraga em dizer que o aborto é um direito da mulher de fazer o que bem entender com o corpo dela, quando esse direito não lhe é negado. Mas parece haver nos tempos atuais a crença em que direitos não geram responsabilidades. O direito da mulher de fazer o que bem entender com o corpo dela é exercido no momento em que ela decide manter relações sexuais ou não; o feto é uma outra vida, que se torna responsabilidade dela, em decorrência do uso do direito. Outro ponto é a utilização da ciência para criticar a religião, quando a ciência diz que a vida humana tem início na união dos 23 pares cromossomiais. E aí fica a pergunta: nessas horas a ciência é descartada?

Além disso, Daniel Fraga parece desconhecer que o aborto já foi empregado outras vezes na história da humanidade, e ressuscita os velhos argumentos da “questão de saúde pública”. E como isso terminou? Com deficientes físicos e mentais sendo mortos, idosos, pobres, etc, em suma, os fracos. Até que certo momento alguém se perguntou: “Por que não dar cabo daquele pessoal que se opõe ao partido também? E os cristãos? Eles também estão atrapalhando o progresso!”, ou seja, quando se relativiza a vida, as coisas não terminam muito bem.

O ponto alto do debate foi quando decidiram abrir os canais de comunicação para que os ouvintes pudessem participar. E aí o show de horrores teve início: foi como se Cérberus fosse dar um passeio e as portas de Hades estivessem livres para quem quisesse sair. Vou comentar apenas a primeira ligação e outra, que trata dos financiadores dos movimentos sociais, já que não pretendo tomar muito tempo dos leitores. Uma senhora chamada Tatiana (e aqui fica cristalino como o envolvimento das mulheres como massa de manobra é uma jogada fenomenal pela causa) tentou realizar uma comparação entre um casal de homossexuais criando uma criança, e ela, que é viúva, como se a morte do marido não fosse decorrente de um fator natural e anulasse toda existência dele. Para me não me alongar muito, existem dois pontos que eu gostaria de destacar. O primeiro foi quanto ao fato de o homossexualismo ser ou não ser natural. Ora, a virtude da faca é cortar bem. Se ela está nas mãos de um açougueiro e corta bem, é uma boa faca; se está nas mãos de um assassino e corta bem, ela é uma boa faca, não importa na mão de quem está. Se eu tenho um cachorro que está no cio e jogo um travesseiro na frente dele, a reação será trepar no travesseiro. Eu posso dizer que é natural cachorros treparem com travesseiros? Se basearmos a naturalidade das coisas apenas naquilo que observamos na natureza, estaremos incorrendo em grave erro. A natureza das coisas é referente a sua constituição e sua finalidade. A coprofagia também é observada na natureza, e por isso podemos dizer que é natural comer fezes? O cachorro trepa no travesseiro porque o impulso sexual é um artifício da natureza com finalidade procriativa. O homem possui um pênis, que é um órgão excretor e reprodutor, e um ânus, que é um órgão excretor. Quando um homem insere o seu pênis no ânus de um outro homem está desvirtuando a finalidade daqueles órgãos. Como posso chamar o que é um desvio da natureza, ou seja, não é natural, de natural?
Outra questão levantada foi a definição de família, que não encontrava limites conceituais   senão aqueles que estavam dentro da mente desta senhora, e que nem ela conseguia definir muito bem. Família, só existe a tradicional. “Família moderna” é algo que não encontra definição, pode ser expandido para qualquer outra coisa, e o que pode ser qualquer coisa é coisa nenhuma. Para falar da definição de família é necessário em princípio entender a sua origem, sua finalidade, o motivo de sua existência e o papel que cada membro desempenha dentro desta instituição. Se duvidam do que digo, façam a experiência de perguntar para um relativista qual é a definição de família moderna. Em primeiro lugar ele não irá te dar a definição, e sim jogar diversos exemplos, interrompa e diga que aquilo não é definição, e sim exemplos, e o que você quer é a definição e veja só como aquilo pode ser estendido para qualquer coisa. O mais irônico de tudo isso são pessoas criticando a religião por interferir na família, quando este instituto surgiu da religião. Como podemos observar na lição de Fustel de Coulanges “O que une os membros da família antiga é algo mais poderoso que o nascimento, que o sentimento, que a força física: é a religião do fogo sagrado e dos antepassados. Essa religião faz com que a família forme um só corpo nesta e na outra vida. A família antiga é mais uma associação religiosa que uma associação natural.” (A Cidade Antiga – edição 2003, página 42). Além disso, já repararam como os maiores críticos da família tradicional são os que lutam pelo direito de casar, quando o casamento serve para o tipo de família tradicional (que é a única família).

Um outro ouvinte que ligou disse que as alegações do Leonardo Bruno a respeito do financiamento de movimentos sociais por parte de instituições, como a Fundação Ford, Rockfeller, George Soros, Rothschild e etc, com o objetivo de obtenção de poder, era apenas só teoria da conspiração e que o objetivo desses grupos era meramente aquisição financeira. Se você perguntar para um indivíduo desses quantos livros ele já leu sobre o assunto, a resposta provavelmente será nenhum. É a mentalidade deformada que não concebe a possibilidade de estar errado, e esta arrogância irá destruí-lo. E se não fosse o ruim o suficiente, irá nos arrastar com ele.
Por mais que você mostre vídeos das pessoas mais poderosas do Mundo chegando a um hotel no Sul da França, inclusive de chefes de Estado, (o que é ilegal, por não constar de suas agendas); e por não repercutir em nenhum meio de comunicação, ninguém ficar sabendo o que aquelas pessoas estão discutindo, o ignorante nunca não pode estar errado. Ou dirá aquilo que as pessoas estão cansadas de dizer nos tempos atuais: “Mas e o que que tem?”

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